domingo, 26 de abril de 2009

Em São Paulo


São Paulo me encata com seus cantos e cantos (sons e lugares).

Passar despretenciosamente por um shopping, somente para um encontro fora dali, e de repente, eis que me pego em meio a um show de MPB com Fernanda Porto e Toni Garrido.

Ir atrás de uma antiga, singela casa, construída no século XVII, tão perdida em meio a outras casas da modernidade, com ares de lugar pacato, com ruas estreitas e descongestionadas. Sim... um lugar especial... uma casa, singela casa, Patrimônio histórico, tombada no século passado. E quem diria, eu... fui lá. Sabe quantos visitantes tinham??? eu e minha amiga. Hahahahaha. A recepção??? maravilhosa. Era como se fossemos as visitas que possivelmente o cordial povo morador de séculos atrás recebia com a alma aberta e o sorriso largo.

Isso é São Paulo... supreendente... de gente calorosa, pronta pra te ouvir, te guiar, te abraçar e te ensinar.

Lá de Minas eu pensava o contrário. A Mídia nos transmitia e ainda transmite que São Paulo é violenta, é gigantesca, com pessoas indiferentes e atormentadas pelos frequentes golpes, assaltos, trabalhos excessivos e exaustivos, pela demora do e no trânsito, e mais outras tantas...
Mas agora que aqui estou, vejo o outro lado não mostrado, não acalentado, pois não querem mais gente integrando milhões em espaços tão já apertados, tão caros, tão disputados. Não mostram a cordialidade nas ruas; a facilidade em conversar com um estranho e ser bem atendido;a licença que é sempre pedida e escutada ao se sentir alguém sentando ao nosso lado no ônibus coletivo; os amigos que sempre vêm nos buscar e trazer de carro em casa mesmo com as distâncias largas; a vontade de sempre saber como o outro está e se ele precisa de alguma ajuda; os teatros, shows, eventos de graça; os SESCs; o charme da diversidade da arquitetura, das pessoas; a multiplicidade de lugares, de culturas; o sincretismo ao menor lance de olhar; um passeio em uma zona e a leve sensação de terra estrangeira.

Isso e mais um pouco é São Paulo.

Aqui, em meio a 17 milhões de habitantes é possível encontrar a pessoa mais imporvável no lugar mais igualmente improvável. Um mundo grande, enorme, preenchido por mundos pequenos, submundos, mundos particulares. O micro fazendo a diferença no macro. Aqui não existe o "igual"; existe a autenticidade na multiplicidade.. e que você a tenha, pois senão será difícil ser visto e se adaptar a este lugar que exige, que pede, que não permite estar parado, sem ação. Aqui o tempo é lei, o dinheiro é a necessidade da hora... tê-lo beira obrigação. Claro que em qualquer lugar capitalista é assim, mas aqui essa "obrigação" é multiplicada.

Entre os vários pontos dicotômicos existentes em São Paulo, prefiro ficar com o calor do Humano que aqui ferve, em amplos sentidos, desde as evidências da sombra - lado mostrado e explorado pela Mídia - até a essência pura, simples, plena de luz e transparência das ações e condutas de muitos paulistanos e intitulados paulistanos - que obviamente não aparece no programa de televisão.

Penso que chorar num parque magnífico ao som de uma orquestra sinfônica tocando Carmina Burana deveria ser privilégio de todas as pessoas, mas não; poucos têm acesso a tal evento. Em São Paulo é possível vivermos isso e muito mais.

Não tenham medo de São Paulo... aqui é o lugar dos opostos, da humanidade em seus acordes desacordados, mas que sempre produzem sons típicos de quem busca em meio ao caos aquela tão desejada, esperada e perfeitamente possível paz!

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