sexta-feira, 13 de março de 2009

Violência mascarada

Violência

Por esses dias tem me vindo essa palavra, essa cena e as diferentes alterações de realidades que ela causa. Geralmente pensamos e nos pasmamos com as consequências da violência externa, aquela que nos atinge, que nos pega desprevenidos. Mas e aquela que nós mesmos praticamos? Ressalto a violência que nos auto infligimos: quando nos trancamos num quarto escuro, com pouca passagem da luz, envoltos em pensamentos repetitivos e auto-destrutivos; ou mesmo quando carregamos uma culpa silenciosa por atos cotidianos que praticamos cegamente e cujas consequências mais tarde nos mostram o desatino "aceitável" que nos aplicávamos e implicávamos em outrem. Dores profundas, cavernosas, cheias de veias pulsantes e prestes a estourar ao menor sinal de desconforto no encontro. É! É a tal violência que nos aplicamos. Como tenho visto pessoas fazerem isso consigo mesmas. Eu já sei o que faço comigo, mas não chego ao fundo de me trancar em claustros voluntários, vitimando-me e me confirmando nada conseguir fazer para mudar a situação. Ah, isso é o que eu chamo de autoflagelação pós-moderna. Nem mesmo uma depressão maior pode levar uma pessoa a tal escolha consciente. Só mesmo uma mente muito perturbada, um ego mal trabalhado e frágil (porém, não psicótico) ou uma compra autêntica de papel de vítima podem causar algo tão cênico.
Se quiserem se matar aos poucos, fumem bastante, bebam muito, usem drogas em doses homeopáticas e transem muito sem camisinha. Mas pelo menos assim vão viver enquanto estão morrendo. Agora do outro jeito, supracitado, ah não, é muito desprezo pela beleza da vida, mesmo em seu auge de dor de desamor... é matar a poesia do sofrimento.
Pessoas, batam logo em seus filhos, mas não lhes deem beijos logo depois, pois assim vocês vão, daí um tempo, se autoflagelarem no esquecimento de suas ações desatinadas e desmesuradas, praticadas com toques de disfarce de amor após a fúria da raiva. Ou então, se joguem logo de uma ponte e não gastem o vocabulário do atendente do CVV, coitado! Pelo menos ele pode ser feliz!

Agora, se querem ajuda de fato, aceitem-na e se proponham abrir os olhos e ver a realidade chamada impermanência, mudança. Nada fica como agora está, tudo muda! Saiam, portanto, das fracas cenas de autodesprezo e pseudo fraquezas, sejam autênticos. Peçam ajuda! Pois o bom doente é aquele que sabe que está morrendo e nem que seja num quase último momento, pede misericórdia.

Ah, e depois não venham com esse papinho de que não estão bem para estarem com outros. Ninguém é uma ilha, precisamos do outro constantemente. Se querem negar a presença do outro, que seja desse OUTRO VOCÊ, que lhes imprime ao rosto mascáras de papel de seda para aceitarmos não ajudá-los com receio de desmanchar o feitio.

2 comentários:

Gaia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gaia disse...

Já pensou na possibilidade do outro apenas estar sendo gentil quando diz não estar bem pra estar com alguem afim de não magoar? De fato niguem é uma ilha! mas pense nas milhares de pessoas que mesmo acompanhadas continuam totalmente sozinhas..... vale aqui o dito popular antes só...........